Amazonas, Coral do Amazonas e Amazonas Filarmônica, o espetáculo “Balés Brasileiros” estreia em breve temporada no Teatro Amazonas, dentro da programação da Série Guaraná XVI. Com apresentações de quarta a sexta-feira (27, 28 e 29/11), às 20h, e no domingo (1º/12), às 19h, o espetáculo – promovido pelo Governo do Estado por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, com patrocínio do Guaraná Antarctica – tem entrada gratuita e classificação indicativa para 10 anos.
Com duração de duas horas, “Balés Brasileiros” apresentará “Alvorada na Floresta Tropical” (Heitor Villa-Lobos), com coreografia de Sumaia Farias; a estreia mundial da cantata cênica “Romance das Icamiabas” (Nivaldo Santiago), com coreografia de Monique Andrade; o poema sinfônico “Imbapara” (Oscar Lorenzo Fernández), com coreografia de Adriana Goes; e o bailado “Maracatu de Chico Rei” (Francisco Mignone), com coreografia de Nonato Mello e Remilton Souza.
Regente do espetáculo, o maestro Luiz Fernando Malheiro fala sobre a tradição da Filarmônica em fazer um espetáculo com balé. “Todos os anos, sempre em novembro, a Filarmônica faz um espetáculo com o CDA, ou com o Balé Experimental. Nos últimos anos fizemos muitos balés de compositores russos, Stravinsky entre eles com mais destaque, mas esse ano resolvi fazer um repertório só de compositores brasileiros”, conta. “Temos muitas obras desde o século 19 até hoje, composições contemporâneas que ficam engavetadas, tocamos um trecho ou outro em concertos, mas raramente se faz como balé, como os compositores idealizaram”, comenta.
Sobre a escolha do repertório, Malheiro destaca as similaridades das obras. “Villa-Lobos, Lorenzo e Mignone são compositores mais ou menos da mesma época, todos voltados para a música nacionalista, para temas indígenas. A obra de Villa-Lobos, por exemplo, chama ‘Alvorada na Floresta Tropical’; a do Lorenzo é um poema ameríndio, ‘Imbapara’; de Mignone, um maracatu, o ‘Maracatu de Chico Rei’. Todas obras voltadas e pensadas nos assuntos históricos como natureza, indígena e o maracatu também, com o período da escravidão, influência de outros ritmos”, aponta.
“Já a obra do maestro Nivaldo, ‘Romance das Icamiabas’, é uma obra amazônica total, um poema muito bonito do João de Jesus Paes Loureiro, e o Nivaldo fez uma música que, como ele mesmo diz, é uma abstração musical em cima do poema. Uma obra muito interessante e que foge dos padrões, bastante diferente das outras”.
As coreografias – O poema sinfônico “Imbapara”, de Oscar Lorenzo Fernández, é um poema ameríndio, com enredo que fala da fuga de um índio que acaba sendo capturado. A coreógrafa Adriana Goes fala sobre o processo de criação da coreografia.
“Apesar do contexto indígena, conversei com o maestro e tive a liberdade para criar a coreografia em cima da melodia. Dessa forma, trouxe como temática a essência que envolve os quatro elementos da natureza (terra, fogo, água e ar), que é invisível, mas que está ali fazendo com que eles se comuniquem e consigam existir. E isso em comum com a fauna e a flora”, comenta. “É um balé muito mais imagético. Imagino que estamos produzindo imagens no ar, o que flerta muito com artes visuais. Esse trabalho é bem mais contemplativo, que retrata essa ode à natureza”, explica.
Para a cantata cênica “Romance das Icamiabas”, do maestro amazonense Nivaldo Santiago, que faz estreia mundial no espetáculo, a coreógrafa Monique Andrade leva ao palco, numa linguagem contemporânea, uma história indígena com traços da cultura ocidental.
“São leituras que tanto remetem a um ritual indígena, como trazem um pouco de um comportamento da sociedade ocidental. Não estamos contando a história das Icamiabas, estamos falando de um momento único da vida delas, que acontece uma vez por ano, numa noite de lua cheia, na qual elas se encontram com os guerreiros e que existe a procriação. É um momento único e a poesia é um primor porque fala sobre esse desejo, esse erotismo, mas de uma forma extremamente poética”, explica.
“Romance das Icamiabas” terá ainda as participações da soprano Mirian Abad, e dos poetas Celdo Braga e Dori Carvalho.
Para a obra de Heitor Villa-Lobos, “Alvorada na Floresta Tropical”, Sumaia Farias se inspirou na grandiosidade da floresta, mas sem omitir os acontecimentos atuais e o tratamento dispensado à floresta.
“Foquei na floresta, com riqueza de detalhes. Eu me baseei na sonoridade de Villa-Lobos, uma obra mágica por exaltar a floresta, a nossa beleza. Dividi a coreografia em duas partes: na primeira busquei no balé os pássaros, a natureza, o amanhecer; na segunda foquei na devastação da floresta, de uma forma mais figurativa porque, em termos de movimento, não estou usando nada muito agressivo, e sim uma linha de trabalho bem plástica”, pontua.
Já para “Maracatu de Chico Rei”, de Francisco Mignone, os coreógrafos Nonato Mello e Remilton Souza mergulharam na dança folclórica para fazer uma releitura da obra na qual Chico Rei é representado pelo orixá Oxalá, Deus da Criação, trazendo a libertação dos escravos.
“Resolvemos trazer um pouco da tradição do Maracatu até os dias de hoje. O Maracatu que a gente vê nos blocos, nos carnavais, quadrilha, frevo, xaxado, tudo num trabalho só para falar dessa trajetória dos escravos, o que eles passavam e a perspectiva de vida deles, que muitos nem tinham, mas que buscavam viver por meio dessas danças”, afirma. “É um mergulho na dança folclórica, popular, com um pouco de dança clássica, contemporânea e jazz”.
*Com informações da Assessoria