Em 2022, Amazonas tinha 453,1 mil domicílios com 1,4 milhão de moradores em favelas e comunidades urbanas. Ao todo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou e mapeou 398 favelas e comunidades urbanas no Amazonas.
Os dados são da divulgação Censo Demográfico 2022: Características urbanísticas do entorno dos domicílios nas Favelas e Comunidades Urbanas que acontece hoje, 05.

Para o IBGE, favelas e comunidades urbanas são áreas com ausência ou oferta incompleta e/ou precária de serviços públicos por parte das instituições; são áreas que têm predomínio de edificações, arruamento e infraestrutura que usualmente são auto produzidos e/ou se orientam por parâmetros urbanísticos e construtivos distintos dos definidos pelos órgãos públicos; e são áreas que estão em localização com restrição à ocupação definidas pela legislação ambiental ou urbanística ou ainda que estão em sítios urbanos caracterizados como áreas de risco ambiental.
60% das favelas e comunidades urbanas do Amazonas estavam em Manaus
Do total de 453,1 mil domicílios do Amazonas localizados em favelas e comunidades urbanas, 86% estavam em Manaus. A capital sozinha detinha 60% das favelas e comunidades urbanas do estado. As favelas e comunidades urbanas da capital do estado que tinham maior quantidade de domicílios em 2022 estavam na Comunidade São Lucas (17.821 domicílios); Cidade de Deus/Alfredo Nascimento (17.632 domicílios) e Zumbi dos Palmares/Nova Luz (11.273 domicílios). A menor quantidade de domicílios em favelas e comunidades urbanas da capital foi identificada na Comunidade Distrito Industrial (8 domicílios); na Rua Atleta (45 domicílios) e na invasão Janjão (50 domicílios).
O maior número de moradores foi encontrado na Cidade de Deus/Alfredo Nascimento (55.742 moradores); na Comunidade São Lucas (53.538 moradores) e no Zumbi dos Palmares (34.678 moradores). Santa Etelvina (32.988 moradores), Colônia Terra Nova (30.073 moradores) e Grande Vitória (26.633 moradores) foram outras favelas e comunidades urbanas com grande quantidade de moradores em domicílios particulares permanentes ocupados.

Pavimentação de vias – Quase 92% dos moradores de favelas viviam em áreas com trechos pavimentados
Em 2022, do total de 1,4 milhão de moradores de favelas e comunidades urbanas do Amazonas, 1,2 milhão (91,9%) viviam em domicílios particulares permanentes ocupados localizados em trechos de vias pavimentadas. Fora dessas áreas, 92,5% dos moradores viviam em trechos com vias pavimentadas.
Em Manaus, do total de 1,2 milhão de moradores que residiam em favelas e comunidades urbanas, 1 milhão (87,9%) vivia em domicílios particulares permanentes ocupados localizados em trechos de vias pavimentadas. Fora dessas áreas, 98,8% dos moradores viviam em trechos de vias pavimentadas.

Comunidade São Lucas foi área de favela e comunidade urbana com mais moradores em trechos de vias pavimentadas
As favelas e comunidades urbanas com maior percentual de moradores de domicílios particulares em trechos de vias pavimentadas, em 2022, eram a Comunidade São Lucas (96,7% dos moradores), Santa Etelvina (96,5%), Grande Vitória (96,4%), Zumbi dos Palmares (95,6%), Cidade de Deus/Alfredo Nascimento (93,7%) e Colônia Terra Nova (91,9%).

A pesquisa considerou a ocorrência de pavimentação na via quando, na pista de rolamento, havia pavimentação em mais de 50% do trecho, ou seja, cobertura de via como asfalto, cimento, paralelepípedos, calçamento poliédrico etc. Em faces (cada um dos lados de uma quadra) que se encontravam sobre palafitas ou pontes, a pesquisa considerou as vias revestidas com tábuas de madeira como pavimentadas, devido à sua particularidade regional.
A pavimentação das vias públicas é fundamental para o desenvolvimento urbano e a qualidade de vida dos cidadãos. Esses fatores juntos contribuem para cidades mais eficientes, seguras e agradáveis para se viver, com menor risco de acidentes de trânsito, menor erosão do solo, melhora do fluxo de veículos, redução de congestionamentos, contribuindo para o desenvolvimento econômico, melhoria de serviços e redução da qualidade de vida.
Capacidade de circulação na via
Ao todo, no Amazonas, 7,9% dos domicílios nas favelas e comunidades urbanas estavam em vias com capacidade máxima de circulação para carros ou vans, enquanto 8% dos moradores viviam em vias com capacidade máxima de circulação para carros ou vans.
Em Manaus, 8,1% dos domicílios em favelas e comunidades urbanas estavam em vias com capacidade máxima de circulação para carros ou vans. As favelas com a maior proporção de moradores em trechos de vias para circulação de carro ou van eram Cidade de Deus/Alfredo Nascimento (9,3% dos moradores), seguida por Colônia Terra Nova (9,2% dos moradores) e por Santa Etelvina (8,1% dos moradores).

Quase 80% das vias em favelas e comunidades urbanas do Amazonas tinham capacidade para circulação de caminhão e ônibus
No Amazonas, em favelas e comunidades urbanas, 79,7% dos domicílios estavam em vias com capacidade máxima para circulação de caminhão ou ônibus, e 12,2% dos domicílios estavam em vias com capacidade máxima de circulação apenas de motocicletas, bicicletas e pedestres. Em Manaus, 79,6% dos domicílios estavam em vias com capacidade máxima de circulação para caminhão ou ônibus, enquanto 12,1% estavam em vias com capacidade máxima de circulação apenas de motocicletas, bicicletas e pedestres.
A capacidade de circulação da via é um aspecto das infraestruturas rodoviárias, cicloviárias e para pedestres, impactando diretamente na segurança, capacidade de tráfego e funcionalidade deste essencial equipamento. A largura das vias pode ser limitada por restrições geográficas ou pelo espaço disponível em áreas densamente urbanizadas, como é o caso de parte das favelas e comunidades urbanas, onde a capacidade máxima de circulação somente para motocicletas, bicicletas e pedestre é mais presente.
Aquavias – Áreas de favelas e comunidades urbanas do estado possuíam mais de 40% dos trechos de vias em aquavias
Nas favelas e comunidade urbanas do estado, havia 249 domicílios em trechos de aquavias, totalizando 966 moradores que viviam em trechos de aquavias. Já em Manaus, apenas três domicílios em favelas e comunidades urbanas estavam localizados em trechos de aquavias.
A pesquisa mostrou que 90,5% dos moradores em trechos de aquavias, tanto em favelas e comunidades urbanas como fora dessas áreas, encontravam-se na Região Norte.

Na pesquisa censitária, a aquavia (via aquática usada para transporte, como mar, rios, lagos, canais etc.) foi considerado apenas quando o rio ou canal constituía a face e a forma de acesso direto às edificações, sem a presença de uma rua ou outra infraestrutura viária entre o rio ou canal e as edificações.
Existência de via sinalizada para bicicleta – Maior parte do acesso está fora de favelas e comunidades urbanas
Em 2022, apenas 0,43% dos domicílios das favelas e comunidades urbanas do Amazonas tinha acesso a trechos de vias sinalizadas para bicicleta. Fora desses territórios, eram 0,99% dos domicílios com acesso a trechos com sinalização para bicicletas.
O Censo 2022 considerou a existência de via sinalizada para bicicleta quando, na face percorrida ou na sua confrontante, existia via sinalizada para trânsito de bicicleta. Foram considerados para este quesito as seguintes categorias: ciclofaixa (inclusive temporárias para lazer, desde que haja sinalização fixa), ciclovia ou sinalização vertical ou horizontal na pista de rolamento ou em calçadas compartilhadas com bicicletas (ciclorrota).

Existência de calçada ou passeio – Maior parte dos domicílios com acesso a calçada e passeio estava fora de favelas
Em 2022, as favelas e comunidades urbanas do Amazonas tinham 70,5% dos domicílios em vias com existência de calçada/passeio. Fora das áreas de favelas, o percentual de domicílios em trechos com parte da via reservada a pedestres era de 83%. Em Manaus, o percentual de domicílios em favelas e comunidades urbanas em vias com calçadas ou passeios era de 74,4%. Fora de áreas de favelas, o percentual com acesso a calçadas e passeios era de 92,4%.

A pesquisa considerou a existência de calçada ou passeio quando, na face percorrida, existia calçada/passeio, com ou sem pavimentação, e com conexão entre a frente de, pelo menos, dois lotes, garantindo a circulação mínima de pedestres pela face. Foram considerados como calçada/passeio o espaço que segregado da via de veículos, ou em áreas sem segregação, porém, destinadas à locomoção do pedestre como em zonas de boulevards.
Existência de obstáculo na calçada – Estado apresenta obstruções a pedestres tanto dentro quanto fora de favelas
No estado, 67,5% dos domicílios em favelas e comunidades urbanas estavam em vias onde foi identificada a existência de obstáculos na calçada. Fora de áreas de favelas, eram 70,6% dos domicílios em áreas com o mesmo tipo de obstáculos que causavam dificuldades aos usuários.
Em Manaus, 71,3% dos domicílios em áreas de favelas e comunidades estavam em vias onde foram encontrados obstáculos nas calçadas. Fora das áreas de favelas, o percentual de domicílios em vias com obstruções nas calçadas era de 77,2%.

Foi considerada a existência de obstáculo na calçada quando havia qualquer tipo de obstáculo que impedia ou criava dificuldade para a locomoção pela calçada. Quando a face possuía mais de uma calçada ou passeio, foi considerada aquela em melhor estado de conservação. O objetivo foi identificar obstáculos e desníveis fixos que comprometem a circulação, sobretudo para pessoas deficientes, idosos ou com algum grau de comprometimento de locomoção a pé.
Existência de rampa para cadeirantes
Em áreas de favelas e comunidades urbanas do Amazonas, 1,7% dos domicílios estavam em vias com existência de rampa para cadeirantes. Fora dessas áreas, 11,5% dos domicílios estavam em vias com existência de rampa para cadeirantes.
Em Manaus, nas áreas de favelas e comunidades urbanas, 1,7% dos domicílios estavam em vias com acesso a rampas para cadeirantes. Fora de áreas de favelas e comunidades urbanas, o percentual de domicílios em vias com rampas para cadeirante era de 14,6%.

Foi considerada a existência de rampa quando, somente na calçada da face, existia rampa, ou seja, rebaixamento de calçada ou meio-fio/guia, geralmente nas proximidades das esquinas, destinando-se especificamente a prover acesso a pessoas que utilizam cadeira de rodas. A existência de passagem elevada de pedestres, permitindo a passagem de uma calçada à outra sem desníveis, também foi considerada.
As rampas para cadeirantes nas calçadas desempenham um papel essencial na acessibilidade urbana. Dentre alguns pontos importantes temos a facilidade de acesso, uma vez que permitem que cadeirantes e outras pessoas com mobilidade reduzida, tais como, idosos, gestantes e crianças transitem de forma segura entre a calçada e a rua. Na segurança, as rampas reduzem o risco de quedas ao oferecer uma transição suave entre diferentes níveis de altura.
Existência de bueiro/boca de lobo – Infraestrutura para escoamento de águas pluviais é maior fora de áreas de favelas, no estado e na capital
Nas favelas e comunidades urbanas do Amazonas, em 2022, 55,5% dos domicílios estavam localizados em vias com existência de bueiros/boca de lobo. Fora das áreas de favelas, o percentual de domicílios, em vias com bueiros/boca de lobo era de 62,9%. Em Manaus, 60,6% dos domicílios em favelas e comunidades urbanas estavam em vias com existência de bueiro/boca de lobo. Fora das áreas de favelas, o total de domicílios em lugares com os componentes de infraestrutura que drenam as águas pluviais era de 74,9%.

Foi considerada a existência de bueiro/boco de lobo quando, na face percorrida ou na sua confrontante, existir bueiro ou boca de lobo, ou seja, abertura que dá acesso a caixas subterrâneas por onde escoa a água proveniente de chuvas, regas etc. Bueiros ou boca de lobos não devem ser confundidos com tampões para acesso a galerias subterrâneas que não sejam para escoamento (como fiação, tubulação de gás etc.).
Bueiros ou bocas de lobo são componentes importantes da infraestrutura urbana, desempenhando funções como a drenagem de águas pluviais na medida que coletam a água da chuva das ruas e calçadas, evitando alagamentos e acúmulo de água que podem causar danos à infraestrutura e propriedades. Contribuem também na prevenção de enchentes, já que facilitam o escoamento rápido da água para os sistemas de drenagem subterrâneos. Além disso, também ajudam na segurança viária de motoristas e pedestres ao evitar o acúmulo de água nas ruas, prevenindo acidentes causados por deslizes em poças e aquaplanagem.
Existência de iluminação – Em Manaus, favelas Zumbi dos Palmares/Nova Luz são áreas com mais trechos com iluminação pública
Em 2022, nas áreas de favelas e comunidades urbanas do estado, 91,6% dos domicílios estavam em vias com existência de iluminação pública. Fora dessas áreas, os domicílios com acesso à iluminação pública totalizavam 98,3%.
Em Manaus, 92,5% dos domicílios em favelas e comunidades urbanas estavam localizados em vias com iluminação pública. Fora da área de favelas, 98,3% dos domicílios estavam em vias com iluminação pública.
Quando se fala das seis grandes áreas consideradas favelas e comunidades urbanas na capital amazonense, a maior quantidade de moradores vivendo em trechos de vias com iluminação pública ficava no Zumbi dos Palmares/Nova Luz (97,8%), seguido pela Comunidade São Lucas (97,3%) e por Santa Etelvina (97,1%).

Existência de ponto de ônibus/van – Apenas 6,1% de moradores em favelas têm acesso a pontos de ônibus/vans
A existência de ponto de ônibus/van dentro e fora de áreas consideradas favelas e comunidades urbanas também foi levantada pelo Censo Demográfico 2022. No Amazonas, 5,7% dos domicílios nas favelas e comunidades estavam em vias com ponto de ônibus/van, fora de favelas e comunidades urbanas o percentual também foi de 5,7%.
Em Manaus, dentro de áreas de favelas e comunidades urbanas, 6,6% dos domicílios estavam em vias com existência de pontos de ônibus/van, e fora de áreas de favelas eram 8,3% dos domicílios com acesso facilitado a pontos de ônibus e van.

Arborização – Em Manaus, favelas de Zumbi dos Palmares/Nova Luz têm maior arborização
No estado, apenas 36,2% dos domicílios nas favelas e comunidades urbanas estavam em vias arborizadas. Fora dessas áreas, o percentual de domicílios em vias com arborização era de 55%.
Em Manaus, 35,3% dos domicílios de favelas e comunidades urbanas estavam em vias arborizadas. Fora dessas áreas, foram identificados 58% domicílios em vias com arborização.
Entre as seis das 20 maiores favelas do país, e que ficam em Manaus, as com maior percentual de moradores vivendo em áreas arborizadas foram Zumbi dos Palmares/Nova Luz (57,9%), Grande Vitória (46,3%) e Santa Etelvina (33,8%).










