Em 2023, no Amazonas, os três principais produtos do extrativismo vegetal, em valor de produção, foram de madeira em tora, açaí e castanha-do-pará. O estado também produziu lenha, copaíba, carvão vegetal, piaçava e látex coagulado.
Os produtos do extrativismo vegetal do estado com maior destaque, em quantitativo, na comparação nacional, foram o açaí, a castanha-do-pará e a piaçava.
A pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura – PEVS/2023, contempla informações referentes a quantidade e ao valor da produção, decorrentes dos processos de exploração de florestas plantadas para fins comerciais (silvicultura), bem como da exploração dos recursos vegetais naturais (extrativismo vegetal). O Amazonas não possui produtos da silvicultura, sendo os dados exclusivamente dos recursos naturais (extrativismo vegetal).
Destaques
- Liderança em produtos: Em toneladas, o Amazonas é o maior produtor de castanha-do-pará e o segundo em açaí ,no Brasil. O estado tem a produção de madeira em tora, açaí e castanha-do-pará como os três principais produtos do extrativismo vegetal, em valor;
- Produção de madeira: Em 2023, a produção de madeira em tora ,no Amazonas, foi de 906.211 m³, posicionando o estado como o terceiro maior produtor do Brasil, após Pará e Mato Grosso. A produção de madeira em tora no Amazonas apresentou um crescimento gradual ao longo dos últimos dez anos, com variações anuais, indicando uma recuperação do setor;
- Produção de lenha: O estado extraiu 563.778 m³ de lenha ,em 2023, com os municípios de Tapauá, Tefé e Manicoré se destacando na produção;
- Valor dos produtos alimentícios: A extração de produtos alimentícios no Amazonas alcançou R$ 351,5 milhões, com açaí e castanha-do-pará como os principais produtos, representando a força do extrativismo alimentar;
- Açaí em queda: Embora o Amazonas tenha produzido 43.877 toneladas de açaí ,em 2023, houve uma diminuição em relação aos anos anteriores, refletindo a vulnerabilidade do setor a fatores ambientais e de mercado;
- Castanha-do-pará: O Amazonas foi responsável por 11.291 toneladas de castanha-do-pará em 2023, destacando-se como o principal produtor do Brasil, superando Acre e Pará;
- Produção de piaçava: A produção de piaçava ,no Amazonas, foi de 2.006 toneladas, ano passado, tornando-se o segundo maior produtor do Brasil, atrás da Bahia;
- Produção de carvão vegetal: O Amazonas produziu 949 toneladas de carvão vegetal, mantendo uma participação menor na produção nacional, que foi dominada pelo Pará e Maranhão;
- Óleo de Copaíba: O Amazonas liderou com a produção de óleo de copaíba, totalizando 236 toneladas e representando a maioria da produção nacional. Isso evidencia a relevância da flora local para a indústria extrativista.
Madeira em tora
O Amazonas, um dos estados mais ricos em biodiversidade, produziu 906.211 m3 de madeira em tora, colocando-se como o terceiro maior produtor nacional. Em 2023, a produção de madeira em tora no Brasil foi liderada pelo estado do Pará, com um volume impressionante de aproximadamente 4,99 milhões de metros cúbicos (m3). Mato Grosso veio em seguida com cerca de 2,08 milhões de metros cúbicos (m3), mostrando a importância das regiões Norte e Centro-Oeste na produção madeireira. Outros estados significativos na lista foram Rondônia e Amapá, com produções próximas a 838.000 e 818.000 m3 , respectivamente. Notadamente, estados mais ao Sul como Paraná e mais ao Nordeste como a Bahia também contribuíram para a produção nacional, ainda que em volumes bem menores ,se comparados aos líderes. Esses dados destacam a distribuição geográfica diversificada da indústria madeireira no país, concentrada principalmente na Amazônia Legal e em áreas florestais do Centro-Oeste.
Nos últimos dez anos, a produção de madeira em tora no Amazonas apresentou uma tendência de crescimento, mas com algumas flutuações. Em 2014, foram produzidos 746.569 m3, número que sofreu uma leve queda nos dois anos seguintes, atingindo 744.485 m3 em 2015, mas mostrando recuperação com 993.548 m3 em 2016, o que pode indicar também uma variação sazonal na demanda. A partir de 2017 a produção se estabilizou com valores entre 875.750 e 826.207 em3, até alcançar 906.211 m3, em 2023. Esse aumento contínuo sugere uma recuperação e potencial expansão da indústria madeireira na região, refletindo um aumento na demanda por produtos de madeira, apesar dos desafios ambientais e da necessidade de práticas sustentáveis na exploração dos recursos florestais.
Com 906.211 m3, a madeira em tora liderou entre os produtos da extração vegetal no estado. Os municípios amazonenses com maior quantidade de produção da madeira em tora foram Itapiranga (170 mil m3), Manicoré (152.000 m3) e Lábrea (121.000 m3). Contudo os que tiveram maior valor de produção foram Lábrea (R$ 25,4 milhões), Itacoatiara (R$ 24,3 milhões) e Silves (R$ 22 milhões).
Lenha
A extração vegetal de lenha somou 563.778 m3 ,em 2023. As maiores produções de lenha foram dos municípios de Tapauá (90 mil m3), Tefé (80,6 mil m3), Manicoré (76 mil m3). Já os maiores valores de produção foram de Silves (R$ 2,2 milhões), Manicoré (R$ 1,5 milhão) e Itapiranga (R$ 1,3 milhão).
Produtos alimentícios
A extração de produtos alimentícios, no Amazonas, alcançou valor de produção de R$ 351,5 milhões e 58.185 toneladas de extração. Os maiores quantitativos da produção foram do açaí (43.877 mil toneladas), com valor de produção de 127 milhões; da castanha-do-pará, que totalizou 11.291 toneladas e valor de produção de R$ 43,6 milhões; de “outros produtos” que somaram 3.015 toneladas e valor de produção de R$ 10,1 milhões; e do pequi que alcançou duas toneladas e teve R$ 6 mil em valor de produção.
Açaí
O Amazonas apareceu na PEVS de 2023 como o segundo maior produtor de açaí do país, com 43.877 toneladas, uma quantidade considerável, mas ainda bastante inferior a do Pará (167.625 toneladas). Juntos, esses dois estados representaram o centro da produção de açaí no Brasil, ano passado.
De acordo com os dados da extração vegetal o Pará liderou amplamente no quantitativo de açaí extraído, correspondendo a maior parte da produção nacional.
Outros estados, como Maranhão, com 18.791 toneladas, e Acre, com 4.0 30 toneladas, tiveram uma produção bem menor em comparação com Pará e Amazonas. Já o Amapá (3.296 toneladas), Rondônia (1.189 toneladas), e estados com volumes quase insignificantes, como Roraima (49 toneladas), Tocantins (26 toneladas) e Mato Grosso (8 toneladas), tiveram uma participação bastante modesta na produção nacional de açaí. Isso reforça a maior concentração da produção de açaí em dois estados do Norte do Brasil.
A série histórica da produção de açaí no Amazonas ,entre 2014 e 2023, apresentou uma tendência de oscilação. Em 2014, a produção atingiu o pico de 66.642 toneladas. A partir de 2015 houve uma queda progressiva até 2019, quando a produção chegou a 43.855 toneladas, a menor registrada no período. Esse declínio pode estar relacionado a fatores como mudanças climáticas, práticas de manejo ou questões de mercado.
Entre 2020 e 2022, observou-se uma recuperação na produção, com destaque para o aumento significativo em 2022, quando o Amazonas produziu 53.729 toneladas. Entretanto, em 2023, houve uma nova redução, com a produção caindo para 43.877 toneladas. A variação ao longo dos anos reflete a vulnerabilidade da produção de açaí no estado, que depende de condições ambientais e econômicas para sua estabilidade.
No estado, 61 dos 62 municípios produziram açaí, ano passado, sendo que os maiores produtores foram Codajás (13 mil toneladas) e Manicoré (4.900 mil toneladas) e Itacoatiara (3.800 toneladas).
Castanha-do-pará
A produção de castanha-do-pará em 2023 foi liderada pelo Amazonas, com 11.291 toneladas, o que o posicionou como o maior produtor do país. Acre e Pará seguiram de perto, com produções equiparadas de 9.473 e 9.390 toneladas, respectivamente. Esses três estados compõem o núcleo principal da produção de castanha-do-pará no Brasil, sendo responsáveis por mais de 80% da produção nacional.
Roraima e Mato Grosso também se destacaram com produções em torno de 1.900 toneladas, o que representa uma participação significativa, mas ainda distante dos líderes. Rondônia, com 1.003 toneladas, e Amapá, com 384 toneladas, apresentaram os menores volumes, refletindo uma produção mais limitada em comparação aos demais estados da Amazônia Legal. Os quantitativos são evidência da concentração da produção de castanha-do-pará principalmente em estados da região Norte, com destaque para Amazonas, Acre e Pará.
A série histórica da produção de castanha-do-pará no Amazonas ,entre 2014 e 2023, revela oscilação ao longo dos anos. A produção iniciou com 12.901 toneladas ,em 2014, e atingiu um pico de 15.183 toneladas em 2016. A partir desse ponto houve uma queda acentuada ,em 2017, para 10.011 toneladas, a menor quantidade registrada no período.
Nos anos seguintes, a produção recuperou-se ,parcialmente, mantendo-se em torno de 12.000 toneladas, entre 2018 e 2019. Em 2022, houve um aumento significativo, alcançando 14.303 toneladas, o que sugere um ano excepcional para a produção de castanha-do-pará no estado. Entretanto, em 2023, a produção voltou a cair para 11.291 toneladas que é valor abaixo da média do período. A variação pode ser atribuída a fatores climáticos, condições de mercado ou mudanças nas práticas de coleta e manejo dos castanhais, no Amazonas.
A produção de 11.291 toneladas do Amazonas saiu de 51 municípios do estado. Os maiores produtores de castanha-do-pará foram os municípios de Tapauá (1.800 toneladas), Tefé (1.530 toneladas) e Boca do Acre (1.170 toneladas).
Outros produtos alimentícios como tucumã, pupunha, buriti, cupuaçu, camu-camu, bacaba e cajá, ficaram na terceira posição, entre aqueles com maior produção no estado. Juntos, eles somaram 3.015 toneladas.
Os três maiores produtores de “outros produtos” foram Parintins (489 mil toneladas), Novo Aripuanã ((403 toneladas) e São Gabriel da Cachoeira (236 mil toneladas). Já os municípios com maior valor de produção, de outros produtos, foram São Gabriel da Cachoeira (R$1,25 milhão), Novo Aripuanã (R$ 1 milhão) e Tonantins (R$ 891 mil).
Fibra Piaçava
O Amazonas, com 2.006 toneladas, ocupou o segundo lugar ,no país, com uma produção da fibra de piaçava que correspondeu a cerca de 41% da produção baiana, que liderou, em nível nacional, com 4.842 toneladas.
Outros estados como Alagoas (8 toneladas), Maranhão (3 toneladas) e Acre (1 tonelada) tiveram volumes muito menores de extração de piaçava, destacando a concentração desse tipo de produção principalmente na Bahia e no Amazonas. Esses dois estados juntos dominaram a produção nacional da fibra, ano passado.
A análise da série histórica da produção de piaçava no Amazonas ,entre 2014 e 2023, revelou uma variação significativa ao longo dos anos. A produção começou com um pico de 2.166 toneladas, em 2014, seguido por uma queda considerável para 1.763 toneladas, no ano seguinte. Em 2016 houve uma recuperação com 2.654 toneladas, sendo esse o maior valor da série. Nos três anos seguintes, de 2017 a 2019, a produção caiu novamente, atingindo o menor valor em 2018 com 1.603 toneladas. Mais uma vez, em 2019, uma leve recuperação de 1.786 toneladas. Em 2020, a produção subiu para 2.433 toneladas, chegando ao segundo maior valor da série ,em 2021, com 2.456 toneladas. Em 2022 e 2023, a produção caiu, respectivamente, para 2.008 e 2.006 toneladas. A tendência geral revela flutuações, sem uma direção clara de crescimento ou retração sustentada, com estabilização em torno de 2.000 toneladas nos últimos três anos (2021-2023).
A extração de piaçava, no estado, somou 2.006 toneladas ano passado, sendo que o maior quantitativo saiu de Barcelos (2.000 toneladas).
Carvão vegetal
Com extração de 949 toneladas em carvão vegetal, em 2023, o Amazonas ficou na décima sétima posição entre as Unidades da Federação. A liderança foi do Pará, com 129.647 toneladas; seguido pelo Maranhão (91.649 toneladas); e Bahia (48.301 toneladas), destacando a importância do Norte e Nordeste no setor. Mato Grosso do Sul (37.742 toneladas) e Piauí (25.128 toneladas) também tiveram produção significativa, mas estados como Mato Grosso, Ceará, e Pernambuco produziram algo entre de 8.000 e 9.000 toneladas. Estados menores como Paraná, Rio Grande do Norte, Tocantins, Acre, Rondônia, e Amazonas, com 949 toneladas, apresentaram menor participação. O resultado apontou para uma concentração da produção nas regiões Norte e Centro-Oeste.
A produção de carvão vegetal no Amazonas apresentou uma trajetória de declínio entre 2014 e 2018, passando de 1.430 toneladas ,em 2014, para 987 toneladas ,em 2018. A partir de 2019, a produção se estabilizou em torno de 940 toneladas, tendo pequenas variações ao longo dos anos. Em 2023, a produção alcançou 949 toneladas, demonstrando uma leve recuperação em comparação aos anos anteriores, embora ainda abaixo do quantitativo de 2014.
O Amazonas produziu, ano passado, 949 toneladas de carvão vegetal, somando R$ 2,1 milhões em valor de produção. Os maiores produtores foram Itacoatiara (160 toneladas), Manicoré (145 toneladas) e Coari (120 toneladas). Os maiores valores de produção foram de Itacoatiara (R$ 400 mil), Coari (R$ 360 mil) e Rio Preto da Eva (R$ 300 mil).
Oleaginosos
A produção de oleaginosos no estado, que envolve produtos como óleo da copaíba, cumaru (amêndoa), entre outros, resultou em 478 toneladas. Os municípios que se destacaram como maiores produtores foram Eirunepé (70 toneladas), Novo Aripuanã (69 toneladas) e Carauari (61 toneladas).
Copaíba
Em 2023, a produção de óleo de copaíba ,no Brasil, concentrou-se fortemente no Amazonas, que liderou com 236 toneladas, representando a maior parte da produção nacional. Rondônia aparece em segundo lugar, com uma produção significativamente menor de 40 toneladas, seguida pelo Pará com 17 toneladas e Mato Grosso com apenas seis toneladas. Esses dados indicam que o Amazonas é, de longe, o maior produtor de óleo de copaíba, sendo responsável pela principal extração desse óleo no país, enquanto os outros estados tiveram participação relativamente pequena, o que pode ser reflexo das características ambientais e da presença mais abundante de árvores de copaíba no Amazonas.
Nos últimos dez anos, a produção de óleo de copaíba no estado apresentou um crescimento gradual e consistente. Em 2014 a produção foi de 124 toneladas, aumentando de forma relativamente estável até 2020, quando atingiu 135 toneladas. A partir de 2021, observou-se um salto significativo, com a produção subindo para 140 toneladas e depois para 191 toneladas em 2022. Em 2023, o Amazonas alcançou a marca de 236 toneladas, sendo este um crescimento expressivo em comparação com os anos anteriores. O histórico aponta para uma maior demanda pelo óleo de copaíba, aliado a uma possível melhoria na extração ou no manejo.
Entre os oleaginosos de destaque, se sobressaíram a copaíba, com 236 toneladas e o cumaru, com 35 toneladas. Os municípios que mais produziram a copaíba, em 2023, foram Novo Aripuanã (60t), Tapauá (50 t), Apuí (24 t). Já os maiores produtores do cumaru foram Silves (28 t), Maués (03 t) e Nova Olinda do Norte (2 t).
Hévea látex coagulado
Com 378 toneladas o Amazonas ocupou a segunda posição no país, na produção de hévea (látex coagulado) ano passado. A liderança ficou com o Acre, que produziu 750 toneladas, representando a maior parte da produção brasileira do produto. Rondônia ficou com a terceira posição no ranking nacional com 216 toneladas. Esses três estados da região Norte concentraram a maior parte da produção de látex coagulado no Brasil.
Os demais estados como Tocantins (40 toneladas), Mato Grosso (25 toneladas) e Pará (20 toneladas), ficaram com uma produção significativamente menor. Esses números indicam que a produção de látex coagulado está fortemente concentrada em alguns estados da Amazônia Legal, sendo o Acre o maior destaque nacional.
A série histórica da produção de hévea (látex coagulado) no Amazonas, entre 2014 e 2023, mostrou uma tendência de declínio significativo ao longo dos anos. Apenas recentemente houve um leve aumento. Em 2014 a produção estava em 1.049 toneladas e atingiu seu pico no ano seguinte, com 1.084 toneladas. A partir de 2016, a produção começou a cair, chegando a 445 toneladas ,em 2018, o menor valor do período. Entre 2019 e 2022, a produção girou entre 380 e pouco mais de 300 toneladas anuais, com pequenas variações. No entanto, em 2023, houve uma pequena recuperação, quando a produção atingiu 378 toneladas e interrompeu a tendência de queda observada nos anos anteriores. Isso mostra que a extração de látex coagulado no Amazonas tem enfrentado dificuldades. Apesar disso, há indícios de recuperação.
As borrachas, do tipo hévea – látex coagulado – tiveram uma produção de 378 toneladas, no Amazonas, em 2023, totalizando R$ 3,8 milhões, em valor de produção.
Os municípios que mais produziram a hévea (látex coagulado) foram Carauari (80t), Humaitá (63t) e Lábrea (53t), cujos valores de produção na extração vegetal foram, respectivamente, R$ 1,12 milhão, R$ 156 mil e R$ 739 mil.