O número de vítimas do tráfico de pessoas está aumentando novamente no mundo, após queda durante a pandemia de Covid-19.
O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, revelou nesta quarta-feira que o crescimento foi de 25% entre 2019 e 2022. A agência alerta que aumentou em 31% o número de crianças exploradas.
Trabalho forçado em golpes online
Os dados do Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas de 2024 abrangem 156 países. Os casos de trabalho forçado tiveram crescimento de 47% devido a questões de pobreza, conflitos e crise climática.
A diretora executiva do Unodc, Ghada Waly, ressaltou que os criminosos estão traficando cada vez mais pessoas para “coagi-las a aplicar golpes sofisticados online e fraudes cibernéticas”. Mulheres e meninas enfrentam o risco adicional de exploração sexual e violência de gênero.
A chefe do Unodc pediu reforço da justiça penal para responsabilizar aqueles que estão no topo da rede criminosa, cooperação entre países para resgatar vítimas e apoio aos sobreviventes.
O tráfico para criminalidade forçada, que inclui golpes online, ocupa o terceiro lugar no número de vítimas detectadas, saltando de 1% em 2016 para 8% em 2022. Em primeiro lugar está o tráfico para trabalho forçado e em segundo para exploração sexual.
Tráfico de crianças
De acordo com o Unodc, o contrabando de crianças também está aumentando em países de alta renda, muitas vezes envolvendo meninas traficadas para exploração sexual.
O estudo descobriu que mulheres e meninas continuam a representar a maioria das vítimas detectadas no mundo todo, ou 61%.
Em relação aos meninos, cerca de 45% são traficados para trabalho forçado e outros 47% são explorados para outros fins, incluindo criminalidade forçada e mendicância.
A maior parte desses meninos foram detectados em áreas com grande ocorrência de menores desacompanhados e separados das famílias.
Dados sobre a África
O relatório apresenta um capítulo especial sobre a África, uma região que, segundo o Unodc, tem sido frequentemente negligenciada em estudos sobre tráfico devido às dificuldades na obtenção de dados.
O levantamento detectou que as vítimas africanas respondem pelo maior número de destinos alcançados. Pelo menos 162 nacionalidades diferentes foram traficadas para 128 países de destino diferentes em 2022.
A maioria das vítimas é traficada dentro do continente, onde o deslocamento, a insegurança e as mudanças climáticas estão piorando as vulnerabilidades.
O Unodc alertou que crianças são traficadas com mais frequência do que adultos na maior parte da África, particularmente para trabalho forçado, exploração sexual e mendicância forçada.
