ientistas do Instituto Federal de Minas Gerais anunciaram a descoberta de duas novas espécies de libélula, encontradas no Parque Nacional Grande Sertão: Veredas, localizado na divisa de Minas Gerais e Bahia. A primeira faz parte do gênero Argia e por isso ganhou o nome de Argia Sertaneja, em homenagem ao sertão brasileiro. A segunda, do gênero Minagrion, foi batizada de Minagrion Vereda, em homenagem ao parque, considerado uma das principais unidades de conservação do Cerrado.
Os insetos foram coletados entre 2022 e 2023, durante projetos de pesquisa que duraram 18 meses, envolvendo trabalhos de campo e comparações com animais descobertos. “A última espécie descrita aconteceu em 1960. É um achado muito importante para a taxonomia de odonatas no país”, comentou o pesquisador Diogo Silva, do Instituto Federal de Minas Gerais — Campus Inconfidentes.
No mundo, existem apenas cinco espécies deste gênero. Ambas as descobertas foram publicadas na revista científica Zootaxa, periódico neozelandês de taxonomia. “Essas pesquisas em unidades de conservação são importantes para conhecermos a distribuição dessas espécies e definirmos estratégias de conservação delas”, explicou Vilela.
Minagrion Vereda encontrada em dezembro de 2022, nos charcos do Parque – foto: Marcos Magalhães/IFMG
Minagrion Vereda — Esta nova espécie foi encontrada em dezembro de 2022, nos charcos do Parque Nacional. ‘No período de chuva, as veredas estavam cheias. “Nós conseguimos coletar este animal porque existiam muitas libélulas no local”, explicou o biólogo do Instituto Federal Sul de Minas Marcos Magalhães, um dos coordenadores da pesquisa. “Nos sentimos os naturalistas do século XVIII”, comemorou. Para acessar o artigo, clique aqui.
Argia Sertaneja – A diferença desta para as outras espécies do gênero Argia reside nas estruturas: morfologia alargada dos cercos dos machos, lobo posterior do protórax e lobos mesostigmais das fêmeas”, explica o professor Magalhães. Aqui, o link do artigo.
As libélulas são importantes para o ecossistema porque são reguladoras de outros insetos, como o Aedes aegypti, por exemplo. “Sem as libélulas, teríamos uma população exacerbada de mosquitos transmissores de doenças para os humanos”, alerta.
Olhar para o Cerrado — Para o chefe do Parque Nacional, Peterson de Almeida, “é muito bom ter registros como estes, porque reforçam o potencial da unidade para novas descobertas e para a preservação da biodiversidade”, comenta. “Também despertam a atenção para o Cerrado, bioma extremamente ameaçado”, alerta Peterson. “Com mais dados e mais pesquisas, teremos mais olhares para as unidades de conservação do Cerrado”, finaliza.
Fonte: ICMbio