A fase de grupos da primeira etapa da Taça dos Povos Indígenas foi definida em sorteio realizado na sede da CBF, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (26). Com a chancela da entidade, o torneio terá início em 26 de novembro e conta com a participação de 2.400 atletas de 48 etnias de todas as regiões do país. O objetivo é valorizar a cultura e as tradições dos povos originários, oferecer oportunidades de inclusão social e fazer do futebol uma plataforma de desenvolvimento e aprendizado.
No sorteio, representantes das 12 etnias estiveram presentes na sede da CBF.
O evento foi apresentado por Klebber Toledo e Zahy Tentehar e contou com a presença do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, do ministro em exercício dos Povos Indígenas, Luiz Eloy Terena, do secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor no Ministério do Esporte, Athirson, do presidente da Federação Bahiana de Futebol, Ricardo Lima, do presidente da Federação de Futebol do Espírito Santo, Gustavo Vieira, e da CEO da FourX Entertainment, organizadora da Taça, Líbia Miranda.
Ednaldo Rodrigues é um dos maiores entusiastas da Taça dos Povos Indígenas. Primeiro negro e nordestino a presidir a entidade, ele é natural de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. A cidade abriga três das primeiras etnias indígenas reconhecidas no Brasil, os Mongoyó, os Ymboré e os Pataxó.
“Carrego no sangue, com muito orgulho, esta ancestralidade. A Taça dos Povos Indígenas é uma grande oportunidade para reafirmar esta identidade e promover, por meio do futebol, o resgate e a celebração da força de nossa cultura. E mais que uma simples competição esportiva, representa a luta por um futuro de dignidade, respeito e inclusão. A CBF quer e vai estar ao lado disso, assumindo a sua responsabilidade de pensar o futebol muito além das quatro linhas e muito além do futebol profissional”, disse Ednaldo, na abertura do sorteio.
Formato e organização
A Taça será dividido em quatro etapas. A primeira, entre os dias 26 e 30 de novembro, contará com povos do Centro-Oeste e do estado do Tocantins, com mais de 500 participantes e 12 etnias: Rikbaktsá, Kayapó, Krahô, Karajá, Kadiwéu, Terena, Kalapalo, Bororo, Guarani Kaiowá, Xunaty, Yawalapiti e Xerente.
Já as outras três etapas, realizadas entre fevereiro e junho de 2025, reunirão etnias das regiões Nordeste, Sul/Sudeste e Norte, respectivamente. Todas elas terão fase de grupos, classificatórias e finais.
Sorteio da Taça dos Povos IndígenasCréditos: Rafael Ribeiro/CBF
Cada etnia estará representada por um time masculino e um feminino. A participação é gratuita, e a FourX Entertainment, organizadora do torneio, ficará responsável por todos os gastos com transporte, alimentação, hospedagem e artigos esportivos, incluindo uniforme completo e chuteira. Os campos terão o formato padrão das competições organizadas pela CBF.
Todos os jogos serão disputados na Aldeia Multiétnica, localizada em uma área de preservação próxima a Alto Paraíso de Goiás (GO), no entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, reconhecido como Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO.
Ministro em exercício dos Povos Indígenas, Luiz Eloy Terena, no sorteio da Taça dos Povos IndígenasCréditos: Rafael Ribeiro/CBF
A Aldeia Multiétnica, sede de todo o campeonato, também será um espaço de imersão cultural e aprendizado. Todas as nove ocas contarão com pontos de interação, com orientações sobre alimentação e suplementação para os atletas; dicas a respeito de carreira e administração de recursos financeiros; qualificação tecnológica; assistência médica e atendimento psicológico.
Durante os dias do evento haverá shows, apresentações típicas e um momento onde as diferentes etnias poderão se conhecer, entender as semelhanças, as diferenças e os desafios por elas enfrentados. Além disso, debates e encontros também serão promovidos para fortalecer o legado indígena.
A competição é organizada pela FourX Entertainment, com apoio do movimento Inclusion For All, da CBF, da Seleção Indígena de Futebol do Brasil e das Américas (SIFBA), do Ministério dos Esportes e do Ministério dos Povos Indígenas.
Ao longo das etapas, a Taça dos Povos Indígenas receberá representantes da ONU, da Fifa e da própria CBF. O projeto também está presente no “ParaQuemDoar”, onde recebe doações por meio do site: https://www.paraquemdoar.com.br/i4a. Para mais informações sobre a Taça dos Povos Indígenas, clique em https://tacadospovosindigenas.com.br/.
Presidente da Federação Bahiana de Futebol. Ricardo Lima, no sorteio da fase de grupos da Taça dos Povos IndígenasCréditos: Rafael Ribeiro/CBF
Veja os grupos da primeira fase da taça dos Povos Indígenas:
Grupo A
Xerente
Kadiwéu
Guarani Kaiowá
Terena
Grupo B
Rikbaktsá
Kalapalo
Yawalapiti
Karajá
Grupo C
Bororo
Xunaty
Krahô
Kayapó
Confira informações das 12 etnias participantes da primeira fase:
Bororo – Mato Grosoo – 1.817 indígenas
Guarani Kaiowá – Mato Grosso do Sul e Paraguai – 31 mil indígenas
Kadiwéu – Mato Grosso do Sul – 1.413 indígenas
Kalapalo – Mato Grosso – 855 indígenas
Karajá – Goiás, Mato Grosso, Pará e Tocantins – 4.373 indígenas
Kayapó – Mato Grosso e Pará – 9.762 indígenas
Krahô – Tocantins – 3.571 indígenas
Rikbaktsá – Mato Grosso – 2.900 indígenas
Terena – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo – 48 mil indígenas
Xerente – Tocantins – 3.964 indígenas
Xunaty – Distrito Federal – Formado por diferentes etnias
Yawalapiti – Mato Grosso – 309 indígenas